Atrito

Em tempos de agir sem pensar
Fico apenas com o silêncio dos teus olhos
Que de tão fugazes, me dizem o caminho
Sem me deixar tocar o chão

Tuas frases que acendem estrelas
Sugam o ar de meus pulmões
Para que eu asfixie lentamente
Ao ver você me derrubar

Tanto faz, cansei de esperar
De contar minhas idéias
Que mal cabem em uma pauta
Sobre minhas fugas e glórias

E as paredes se cortam
Marco meus joelhos na dobra das lajotas
Fito a penumbra, parto-me em mil pedaços
Enquanto caio no frio de outono

Procuro o atrito, procuro resistir
Mover-me pelo vazio e sentir meus pés
Mas não há nada, senão o ar
E seus lábios gelados a me beijar

Assim teu dou meus sonhos
E meu suor enfermo
Que fique tudo contigo
É um destino sem conserto.